Em meados da década passada, a cena eletrônica brasileira, que já contava com uma trajetória rica e diversa desde os anos 90, começou a vivenciar um novo e decisivo capítulo. Um movimento que, mais do que ampliar horizontes, reestruturou suas bases e impulsionou DJs e produtores nacionais a um novo patamar, tanto no alcance das audiências domésticas quanto na performance global desses artistas. Este período coincidiu com a explosão das redes sociais, em especial o SoundCloud, que ofereceu uma oportunidade inédita: a chance de conquistar sucesso de forma independente, sem a necessidade de contratos com grandes gravadoras ou validação de curadores tradicionais. Nessa nova dinâmica, os próprios artistas passaram a ditar tendências, transformando-se nas vozes mais influentes da cena.
Na vanguarda desse movimento, um jovem DJ e produtor do interior do Paraná se destacou desde o início: Lukas Ruiz, conhecido mundialmente como Vintage Culture. Sua ascensão meteórica foi impulsionada por uma identidade sonora que mesclava às batidas contemporâneas do Deep House e Nu Disco com uma curadoria vintage, explorando timbres, releituras e artistas das décadas de 70, 80 e 90. Foi meteórico. Em 2014, quando Lukas concedeu sua primeira entrevista e gravou seu primeiro podcast para o Alaplay, seu crescimento já impressionava, consolidando-se rapidamente como uma estrela emergente.
Hoje, 11 anos após o icônico Alaplay 045, o mix mais reproduzido da história do canal — que já ultrapassou 600 edições — Vintage Culture retorna ao Alataj para assinar um novo episódio. Sua trajetória ao longo dessa década é, em todos os sentidos, impressionante. A história de Lukas se destaca em meio ao panteão de grandes nomes da música eletrônica brasileira não apenas pelas conquistas expressivas, mas pelo vínculo profundo e duradouro que construiu com seus fãs. Poucos artistas, em qualquer área, desfrutam de uma relação tão intensa e genuína com seu público.
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Sua base de fãs cresceu e amadureceu ao seu lado, refletindo a evolução de uma carreira que rejeita rótulos e abraça uma identidade musical ampla e diversa. Desde a pandemia, Lukas parece ter atingido um momento em que suas decisões artísticas são guiadas unicamente pelo que acredita, pelo que gosta de criar e pelo que representa, de forma autêntica e pessoal, a essência do projeto Vintage Culture. Onze anos depois, o retorno ao Alataj é mais do que simbólico: é a celebração de uma trajetória única e de um artista que continua a redefinir os limites da cena eletrônica brasileira. Seja bem-vindo de volta, Vintage Culture.