Mente criativa inesgotável do House ao Techno, Alex Niggemann dispensa muitas apresentações, eis que se transformou em uma referência mundial da música eletrônica e vem ao longo de muitos anos apresentando produções inovadoras em labels como Crosstown Rebels, Poker Flat, Watergate e Mule Musiq, além de lançar e gerenciar sua própria label AEON, que também é responsável por colocar no mapa da música artistas como Denis Horvat, Speaking Minds & TVA.
+++ Alex Niggemann bateu um papo com a gente no final do ano passado. Leia aqui!
Como nosso papo por aqui é de estúdio, tivemos o privilégio de receber o artista para explicar detalhadamente como foi a produção de uma parte da faixa Eletric Mariachi, seu último lançamento pela própria gravadora, que também conta com remixes de Pional e Rigopolar. Se você é do campo da produção, está aqui um prato cheio para o aprendizado. Com vocês, Alex Niggemann:
“Para o Electric Mariachi, usei vários instrumentos diferentes. Alguns digitais, outros analógicos. A linha de baixo principal foi feita com o meu Moog Sub37. É um dos meus synths mais usados quando se trata de linhas de baixo. Eu prefiro tirar esses elementos de equipamentos analógicos como o Sub37 ou o meu Moog Voyager, pois os instrumentos analógicos trazem uma certa “gordura”, distorção do som e ruído agradáveis, que formam uma boa linha de grave, sem a necessidade de muito processamento.
Hoje, porém, quero falar mais sobre os elementos que não são tão óbvios em uma música, mas essenciais. Sons ou elementos que criam a atmosfera, a chamada “cozinha” sobre o qual os outros elementos da melodia são colocados. Uma melodia feliz em um ambiente escuro ou o contrário pode criar algo que você normalmente não esperaria ao ouvir uma melodia sendo tocada sozinha sem a atmosfera. Electric Mariachi tem um clima bastante sombrio, mas a linha de baixo é bastante melódica e a melodia feliz.
Você deve ter notado em alguns momentos, especialmente antes dos breaks – ou no final da faixa (como é mais óbvio por aparecer quase sozinho na música), um som que cria um ritmo e às vezes soa como um laser. Esse som faz toda a diferença nessa música. É o primeiro elemento principal em segundo plano que, por causa do som interno de reverberação, cria uma atmosfera. Ao mesmo tempo também faz um ritmo e dá à faixa um groove. Esse elemento é um synth shot de um sintetizador DS Prophet 6 sendo tocado de uma forma específica (sequenciada com meu Arturia beat step Pro).
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O envelope do filtro e do amplificador tem attack zero, decay curto, sem sustain ou release. Soa dessa forma devido a um efeito de flanger (criada a partir do atraso interno deste sintetizador). Essa modulação acontece por causa do trabalho com os tempos do delay. Tente fazer com pequenos tempos de delay e feedback. Quanto menor os dois, maior o efeito flanger. Isso fornece ao synth shot um som único e diferente.
Depois de ter modulado o som, só precisei criar o ruído do laser. Isso é feito com um cut off bem aberto. Nos intervalos, também brinquei um pouco com o envelope. Abra um pouco aqui e ali. Tente você mesmo. Também funciona com plugins ou outros instrumentos de hardware.”
A música conecta.