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A música conecta

Os benefícios da meditação e a relação com a música eletrônica

O que um mestre yogui em estado meditativo e um clubber a todo vapor na pista têm em comum? Para a nossa surpresa, mais do que se imagina. Mas vamos do começo. Hoje, vamos trocar uma ideia diferente aqui, basicamente um convite para quebrarmos paradigmas e constatar, mais uma vez, que a música não tem barreiras e como ela pode ser terapêutica quando usada para essa finalidade. Basta prestar atenção. Aproveito a deixa para falar sobre saúde mental. Afinal, super condizente com o momento. Além disso, durante a leitura, selecionei estímulos musicais para você curtir o passeio nessa vibe. Pegue seu fone, traga sua atenção e vejamos como você sairá dessa jornada.

Se tem algo que pode ser considerado uma antítese sobre a nossa existência é um caminho a ser percorrido, chamado autoconhecimento. Entrar em contato com a própria essência é um ato de coragem, uma travessia de mar turvo e instável. Entretanto, a contrapartida disso é que nada poderá ser mais gratificante. A verdade é que, de uns tempos pra cá, esse convite tem sido feito com certa frequência e parece que negá-lo não é mais uma opção. Algumas pessoas sentem-se deprimidas, outras ansiosas, outras não conseguem dormir, enquanto algumas sentem muito sono. Há aqueles que estão irritados e outros que oscilam em uma polarização cansativa. Essa constante vibração emocional negativa gera desequilíbrio químico e consequentemente, prejuízos. A psicóloga Alessandra Ceccon Frasson me explicou que tudo isso está ainda mais latente esse ano e muito por conta de um mesmo sentimento: o medo.

Basicamente, quando nos deparamos com tensões e com o desconhecido, acionamos a zona reptiliana do cérebro. Essa parte está ligada à sobrevivência. É como se voltássemos ao nosso estado mais primitivo para “lutar” inconscientemente. E é por isso que estamos todos com uma sensação de bagunça interna. A falta de conhecimento poderá causar muitos problemas se você não souber como domar sua mente. E a pergunta que lhe faço aqui é a seguinte: você a controla ou ela controla você? Claro, esses papéis se alternam constantemente, mas se você estiver consciente para perceber as artimanhas de sua mente poderá se equalizar e experienciar uma vida mais tranquila e equilibrada, sem tantas sabotagens…sabe como é, somos experts nisso e nem sequer percebemos. Ok, e onde entra a música nessa história, Maria? 

Ao lado das terapias, da medicina e da espiritualidade, a música é uma das ferramentas mais potentes para contribuir com processos de cura física e mental. Já falei sobre essa mágica misteriosa anteriormente aqui. Atletas ouvem para se concentrar, líderes para sentir coragem, muitos ouvem ópera para se inspirar. Tem gente que escuta Downtempo para relaxar e tem quem escute MPB para melhorar o astral. Tem também quem sinta a mágica com um Drum n’ Bass, por que não? Tudo depende do que seu cérebro gosta e o efeito que você quer causar.

E eis aqui o nosso ponto de convergência. Todos nós que vivenciamos as pistas de dança somos seres que tendem a ser muito musicais. Buscamos nela um refúgio para nos curar e experimentar um estado de bem-estar. É sobre conexão. E o melhor: a neurociência explica isso. As batidas e o baixo na música eletrônica podem ajudar a arrastar nossas ondas cerebrais para um estado gama, ou seja, um estado mais consciente. A música consegue mudar nosso estado de espírito e a meditação também. Tudo bem que tentar meditar na boate não é o mais recomendado por conta dos inúmeros estímulos, mas pode acontecer. Se você já fechou os olhinhos e ficou um bom tempo ali só curtindo, deixa eu te contar: você andou meditando e nem sabe. 

Mas para falar com mais propriedade, conversamos com a turma do Projeto X, um grupo de pessoas que está ‘desbichogrilando’ o autoconhecimento e a espiritualidade, ajudando pessoas que estão passando por algum desafio pessoal e que buscam um propósito maior em suas vidas. Promovem o tal autoconhecimento que falei ali em cima.

https://www.instagram.com/p/CFcW18KnrLP/

Aldir e Fefa, co-fundadores do projeto, me explicaram que música e meditação são aliadas, porque elas não podem ser entendidas pela mente.  A música, nesse contexto, atua como uma âncora que ajuda a gente a não “viajar” tanto. Tem um outro ponto bem importante que quase sempre relutamos: ambas são uma maneira poderosa de expressar e soltar emoções que estão guardadas. “Acreditamos que do mesmo jeito que tomamos banho para limpar o corpo, a meditação deve ser uma prática para limpar a sujeira interior”, comentam eles. 

E podemos ouvir todos os estilos para meditar? Segundo eles, sim e não. A ideia da meditação é você acessar um silêncio interior. Músicas ricas em elementos ou com letras complexas podem fazer com que sua mente engaje com mais pensamentos ao invés de promover esse nirvana tão almejado. Se você se identifica com Techno, o Techno Melódico pode ser um bom guia, já no House, busque o Deep e Progressive. Você pode, inclusive, praticar meditações ativas com esses sons e se movimentar. Aliás, existem mais de 10 mil tipos de meditação, algumas bem dançantes.

Agora, se quiser passeios mais calmos o Ambient, Chill Wave, IDM, Chill Out e sons psicodélicos lentos vão funcionar perfeitamente. Existem também sons que trabalham em frequências de hertz ideais para promover essa paz, como a Solfeggio e os Binaural Beats, como já falamos aqui. Mas o céu é o limite, Jazz, Bossa Nova, por que não?

E os benefícios são comprovados pela ciência: mais calma, menos ansiedade, inspiração, criatividade, cabeça organizada, menos tagarelice mental, percepção mais aguçada para detectar sabotagens, cérebro mais estimulado e irrigado, sinapses mais afiadas. Pode ser até que você já tenha tentado ou pratique e sabe que tudo isso procede. Mas se você ainda não experimentou, é provável que ache o seguinte: isso não é pra mim.  Para muita gente, meditar e entrar em contato com si mesmo é assustador e desconfortável. Não fomos ensinados a fazer essa conexão, pelo contrário, estamos condicionados a nos distrair o tempo todo. A sua mente inquieta não quer que você medite, nem seu celular, mas você clama por um pouco de paz. Então por que resistir? 

Poucos minutos fazendo isso com intenção e respirando podem ajudar a mudar o curso do seu dia, não é fórmula milagrosa, são fatos. E a mágica está em você. Encerrei o bate-papo com Aldir e Fefa perguntando se eles achavam que a música eletrônica e sua cadência poderiam promover estados meditativos e ajudar as pessoas a lidar melhor com as emoções. A resposta? Absolutamente sim. Preciso dizer mais? 

Desafie-se a ir para dentro e veja como se sente. Autoconhecimento é um partir sem voltar. Ah! E sobre a resposta das semelhanças entre o mestre yogi e o clubber? Bom, são pessoas em evolução, cada qual no seu degrau e que encontraram aqui uma ferramenta valiosa chamada música. Que seja ela, então, a nossa guia por este caminho sinuoso. Até a próxima!

“A música pode ministrar às mentes enfermas, arrancar da memória uma tristeza arraigada, arrasar os problemas escritos do cérebro e com seu doce antídoto inconsciente, limpar todo o seio de todas as coisas perigosas que pesam sobre o coração” – William Shakespeare

A música conecta.

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