Artistas sabem que construir uma identidade musical própria não é algo tão simples quanto parece. A verdade é para construir um perfil sonoro é preciso bem mais do que apenas aplicar referências daquilo que está em alta e/ou que você gosta de ouvir, sendo um processo de autoconhecimento, o qual aos poucos, com dedicação, muita pesquisa e prática, se vai descobrindo o que te representa e o que tem autenticidade para se destacar. Vini Pistori entende bem essa premissa e sabe, como poucos, como imprimir sua personalidade e senso musical em cada detalhe de seu trabalho.
O artista ainda vai além, ao desmistificar que definir sua própria identidade é se manter em caixinhas. Isso porque com um perfil musical versátil, como DJ e produtor, ele não se prende a rótulos, com produções e sets que passeiam entre todas as vertentes do House e, ainda, com influências do Indie Dance. Dessa forma, ele tem transitado por diferentes gravadoras, comprovando o caráter camaleônico de seu trabalho. Em seu currículo figuram lançamentos por selos como Rebellion (Crosstown Rebels), Moodmusic, Dantze, Monaberry, Mumbai, Connected e outros, além de suportes de alguns big names como Solomun, Damian Lazarus, Adriatique, Frankey & Sandrino, Amê, Black Coffee, Nico Morano e muitos mais.
+++ Vini Pistori comenta os desafios da autenticidade em meio a evolução musical
Claro que apesar do dinamismo, sua autenticidade não fica de lado, Pistori mantém uma abordagem intimista e sofisticada, com transições e misturas bem elaboradas e cuidadosas, que demonstram toda a expertise que possui e a fidelidade à sua essência artística. E é, principalmente, sabendo dosar suas características e influências que ele tem se mostrado como um expoente do House nacional e conquistado seu lugar ao sol.
A mais recente prova de seu crescimento na cena nacional e internacional é a chegada ao catálogo da Sum Over Histories, selo de Frankey & Sandrino, que possui um alto nível de curadoria, com uma busca exigente em trazer sonoridades diferentes e com identidade. Essas características já têm estado presentes nas produções de Vini, mas se reforçam ainda mais no EP Make Me Dance, em suas duas tracks, que exploram diferentes influências e elementos, criando um groove que se conecta facilmente com as pistas. Como na faixa-título com sua melodia progressiva, construída com batidas, pads, sintetizadores, distorções, teclas e outros sons que se revelam pouco a pouco, até envolver o ouvinte completamente, enquanto “Sawana”, apesar de seguir um caminho semelhante, propõe uma atmosfera mais sóbria e minimalista, intercalando os elementos.
Conversamos com Vini Pistori sobre este lançamento e mais detalhes de sua carreira:
Alataj: Olá, Vini! Seja bem-vindo de volta ao Alataj! A gente sabe que o seu amor pela música eletrônica começou bem cedo, quando você ainda era adolescente, mas conta mais desta história. O que te atraiu na Dance Music e por que você se mantém nela?
Vini Pistori: Olá, muito obrigado pela oportunidade novamente. 🙂
O que me atraiu e atrai até hoje são os sentimentos que a música gera nas pessoas, em mim, seja na pista de dança se estou tocando ou sendo um ouvinte. Pra mim, é indescritível e tenho uma sensação única, eu, literalmente, amo. Às vezes produzindo, ouvindo e tocando também, chego a me emocionar com as diferentes sensações que a música nos proporciona.
A história do início foi que sempre tive amigos mais velhos, eles me mostraram a música eletrônica, gostei, comecei a me aprofundar e querer descobrir mais, essa é a história bem resumida rsrs.
Seu perfil musical se caracteriza principalmente pela versatilidade, mas sem deixar a sua essência artística de lado. Como você construiu essa identidade e quais momentos da sua carreira contribuíram para que você chegasse ao trabalho que você apresenta hoje?
Eu acredito que o amadurecimento e a minha inquietude ajudou a definir minha identidade. Ao longo do tempo e devido a quantidade de horas que passo ouvindo música, pesquisando e sempre antenado às tendências, mas sem me deixar levar por elas. Acho que temos que ser versáteis em absorver algumas tendências e aplicar em nossa personalidade/identidade, mas sem ser influenciado e sim influenciar na hora de criar algo do zero.
E quando falamos de influências, quais são suas principais referências e inspirações na hora de criar?
Eu ouço muito música clássica, jazz, eletrônica alternativa, mais instrumental, acho que isso me ajuda a pensar mais fora da caixa e estar sempre com a cabeça “fresca” para criar.
De inspiração eu tenho a forma como algumas das minhas referências conduzem a pista como Digweed e Sasha. Isso foi um dos marcos pra mim e me inspira até hoje. Eles possuem a capacidade de transitar por todas as vertentes da música eletrônica sem perder suas identidades.
Você normalmente busca tocar aquilo que cria, ou seja, seus sets são predominantemente marcados por suas próprias produções. Durante o processo criativo, você tende a buscar desenvolver ideias visando as performances ou não é uma regra? Como funciona o seu processo de criação?
Nem sempre meu sets são marcados por minhas produções, mas eu só produzo aquilo que acredito e gosto de tocar, ou seja, minha identidade mesmo. Às vezes flui naturalmente e deixo acontecer, mas normalmente quando tenho uma ideia pré definida na minha mente do que quero fazer, eu construo me baseando na pista de dança, nos momentos e sensações que imagino criar para os ouvintes.
Recentemente, você estreou no catálogo da Rebellion, da Crosstown Rebels, uma label super renomada, e agora, mais um passo conciso é dado ao chegar à Sum Over Histories, de Frankey & Sandrino. Como foi desenvolver esse relacionamento com as gravadoras e trabalhar com nomes tão respeitáveis?
O relacionamento iniciou-se de forma natural, eu enviei as músicas, eles gostaram e definimos o cronograma de acordo com a agenda da gravadora e alguns outros lançamentos meus, para não se sobrepor. Acredito que o fato de já ter lançado em alguns outros labels, ajudou a ter mais visibilidade.
Mas eu sempre procuro iniciar um relacionamento, ao final somos seres humanos e gosto de fazer amigos, não vejo apenas como um negócio ou uma única oportunidade pra mim, quero somar, agregar algo também de alguma forma, e isso flui naturalmente.
Focando no EP Make Me Dance, qual proposta do lançamento e quais elementos você buscou ressaltar em cada faixa?
As músicas foram criadas em 2022, a ideia era fazer algo mais para pista mesmo, hipnótico e que se encaixasse em determinada hora do set. Eu queria fazer algo com um piano sequenciado e foi aí que surgiu a Make Me Dance. Já na faixa Sawana, eu tinha trabalhado nessa linha de baixo algum tempo atrás e deixei guardado. Certo dia eu resgatei esse timbre pra criar algo novo e no decorrer do processo o resultado foi esse que temos no EP. 🙂
E quais são seus próximos passos, Vini? Em que momento da carreira você se encontra agora e qual tem sido suas prioridades?
Graças a Deus, tenho mais algumas músicas em grandes selos que serão lançadas no final desse ano e no próximo ano também.
Acho que sempre temos que estar em movimento, esse sempre será o meu momento.
Mas mais especificamente o objetivo agora é focar um pouco mais nas apresentações e continuar o trabalho na produção.
Em breve posso contar algumas novidades de parcerias para consolidar cada vez mais o trabalho, porque obviamente, ninguém faz nada sozinho.
Para finalizar, uma clássica do Alataj: o que a música significa para você? Obrigada pelo papo!
Pra mim significa tudo, a vida sem música não teria sentido, seria chata.
Obrigado vocês mais uma vez, foi um prazer.
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