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A música conecta

Alataj entrevista Keskem

Por Alan Medeiros em Entrevistas 25.04.2018

Benaion e Felipe Fella formam o Keskem, projeto com boa bagagem frente ao cenário nacional e lançamentos importantes por selos do calibre de Material Series, Farris Wheel, Cr2, King Street e Not For Us. Vivendo na efervescência criativa de uma das principais cidades do mundo, Rio de Janeiro, essa dupla de talentos tem empurrado mais e mais seus limites no estúdio em busca novos horizontes e resultados ainda mais expressivos.

Frente as pistas, Felipe e Benaion mantem a precisão e eficiência que é vista no trabalho de estúdio. Com passagens por eventos como Rock in Rio e Universo Paralelo, o projeto tem conquistado a admiração do público que faz a cena acontecer no dance floor e também de alguns dos DJs mais importantes do cenário nacional e internacional, já que os suportes tem se tornado cada vez mais frequentes.

O último lançamento do duo é o EP Smoke and Sweat pelo selo de música eletrônica da Som Livre, Austro Music. Composto por duas faixas originais produzidas em parceria com Vivi Seixas, o release explora algumas das características intrínsecas do projeto: energia e pressão de pista. A nosso convite, a dupla respondeu algumas perguntas para nossa equipe. Confira o resultado desse bate-papo:

Alataj: Olá, meninos! Tudo bem? É um prazer receber vocês novamente por aqui. O catálogo de lançamentos do Keskem é certamente um orgulho pra vocês. Ao olhar pra trás, qual a sensação fica por todo trabalho desenvolvido até aqui?

Keskem: Olá, tudo bem. O prazer é nosso! Temos a sensação de estarmos no caminho certo. Não é fácil produzir uma linha de som que não tem muito espaço no Brasil. Mas os lançamentos e suportes que tivemos até aqui com certeza é algo que nos anima e nos incentiva a querer sempre melhorar e alçar voos cada vez mais altos.

A cena no Rio de Janeiro vive há alguns anos momentos de altos e baixos. De que forma o público da cidade absorve seus trabalhos? A maior audiência de vocês é dentro ou fora do Rio?

O Rio de Janeiro sempre foi uma cidade onde as “modas” surgem e vão embora muito rápido. Já tocamos nas principais festas e clubs da cidade, mas parece que o cenário por aqui tem mudado bastante nesses últimos dois anos. Diríamos que a cena carioca já foi mais receptiva ao nosso estilo de som, mas daqui a uns meses isso pode e provavelmente mudará outra vez. Apesar do momento que atravessa o Rio, nossa maior audiência ainda é por aqui, seguido de São Paulo, Curitiba, Campinas, Maringá, Londres, Londrina, Belo Horizonte, Manchester e Cuiabá, de acordo com nosso Soundcloud.

O último lançamento de vocês marca uma parceria com a Vivi Seixas. Como foi o processo criativo de Smoke and Sweat em trio?

Foi bastante rápido e divertido. A Vivi é uma grande amiga nossa e já tínhamos essa ideia de fazermos um trabalho em parceria. Quando marcamos a primeira sessão no studio, a coisa fluiu de primeira e saímos de lá já com as duas ideias das tracks que formam o EP.

A maioria dos lançamentos do Keskem são focados no tech house e direcionados ao dance floor. Como parte desse grande cenário que envolve o estilo, como vocês avaliam o futuro do gênero dentro e fora do Brasil?

Lá fora o tech house vem se tornando cada vez mais um gênero popular, com festas como Elrow e Paradise e artistas como Jamie Jones, Green Velvet, Sonny Fodera e Dennis Cruz, apenas para citar alguns. Vemos lá fora as pessoas tratarem o estilo como um som alegre, dançante, sendo tocado em muitas pool parties e festivais. No Brasil, o gênero ainda é pouco conhecido e tratado erradamente como algo obscuro, perdendo muitas vezes espaço nos line ups das principais festas para alguns estilos que parecem só funcionar por aqui. Mas acreditamos que, como o interesse dos brasileiros por música eletrônica tem crescido, a tendência é que cada vez mais pessoas por aqui pesquisem sobre e conheçam o tech house, percebam que temos grandes artistas desse gênero no nosso país, e que isso finalmente mude em alguns anos. Existe também uma “nova” vertente surgindo que é uma mistura de sons mais pops com o tech house. Talvez seja a próxima tendência que pegue por aqui. Algo como o James Hype vem fazendo e misturando um pouco com os timbres do Fisher. O Evokings recentemente lançou uma música nessa linha. Vamos aguardar.

A Austro é um dos labels mais bem estruturados da atual cena eletrônica brasileira. Como tem sido trabalhar junto ao time da gravadora e quão importante é esse tipo de suporte na carreira de um artista?

O processo com a Austro foi o mais profissional que vivenciamos, do contrato bem elaborado até o mídia kit do lançamento. Esse suporte ajuda muito no nosso crescimento, não só por mídia mas também pela profissionalização do processo. Muitas labels quando mandamos músicas só dizem sim ou não respondem, mandam uma arte de capa do EP próximo do lançamento, a data e não muito mais que isso. Espero que possamos voltar a trabalhar juntos em breve.

Acredito que a evolução da dance music nos últimos anos tem bastante a ver com a tecnologia. Na sua visão, quais são as principais diferenças no processo criativo atual, quando comparado à década passada? Quais são os principais equipamentos do seu estúdio?

Acreditamos que quanto mais a tecnologia avança, mais fácil se torna o processo de produção. Hoje em dia temos mais opções para exercemos a criatividade, temos mais opções de fazer muito com pouco investimento/equipamento. Temos produtores que fazem grandes trabalhos só com o mouse, uma referência (fone, monitor) e computador, tirando timbres profissionais e elaborados, outros são muito mais criativos numa sala cheia de teclados, baterias eletrônicas, modulares. A criatividade é o que manda e ela está dentro do produtor, a tecnologia ainda precisa de quem está do outro lado manipulando. Quanto aos equipamentos, primeiro queremos citar o mouse, são muitos cliques numa produção, ele manda na parte de edição e automação. Depois vem uma boa referência (aqui no estúdio temos 1 par da Focal Alpha 65 e 1 par da Yamaha Hs 80). Também usamos uma interface de áudio UAD Twin Duo que é muito importante pra qualidade do que estamos ouvindo e processando – iríamos escrever placa de áudio mas se o Memê ler isso ele vai falar que a era das placas acabou, e temos interfaces [risos]. Depois disso temos um teclado Mini Brute da Arturia, uma bateria Analog Rhythm da Elektron, um sintetizador de baixo Moog Minotaur e uma TB-3 da Roland.

Para finalizar, uma pergunta pessoal. O que a música representa na vida de vocês?

A gente não se formou em faculdade ou curso técnico, nós não temos outro trabalho. Tudo que fazemos é música, ela é o pão que a gente come e o ar que a gente respira. Nietzsche dizia que “sem música, a vida seria um erro” e nós confirmamos que ele estava 100% certo.

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