Produzir músicas para simplesmente se conservar “relevante” definitivamente não é o propósito do britânico Danny Howells. O seletor e produtor musical também não é o tipo de artista que se preocupa em manter uma agenda cheia de apresentações ou estratégias de marketing para adquirir mais ouvintes, fãs e gigs através das redes sociais. Desde meados dos anos 90, quando deu seus primeiros passos como DJ, até os dias atuais a equação de Howells é a mesma: tocar e produzir aquilo que o seu feeling criativo demanda — exatamente o que sustenta sua expressividade ao longo de todos esses anos.
Danny nunca foi motivado por tendências e modismos, construindo uma abordagem musical realmente desapegada de bandeiras de estilos musicais específicos e edificada sobre a vastidão de possibilidades inerentes à música eletrônica, sendo essa uma característica que se aplica em todas as suas atuações. Tanto no seu catálogo como em suas seleções encontramos house, house progressivo, tech house, house e techno melódico, indie dance e mais uma infinidade de sons. Não à toa, foi ainda nos anos 90 que o destaque global chegou e ele começou a rodar pelos principais clubs do mundo.
Antes baseado em Hastings, no sul da Inglaterra, foi questão de tempo para que o seletor e produtor virasse um globetrotter. Ao passo que rodava o mundo, Danny também colocava as suas produções nas prateleiras de alguns dos melhores selos do nicho eletrônico: 8Bit, Bedrock Records, Global Underground, Selador, Sudbeat Music, Yoshitoshi Recordings e a lista se estende… escutar música eletrônica na era das plataformas digitais é uma maravilha e literalmente na palma da nossa mão temos acesso a milhares de mixes, dos mais variados gêneros. Mas e quando os streamings não existiam? A chegada dos Compact Discs (os CDs) ampliou as possibilidades de escutar um set, já que tornou possível inserir mais tempo de música em um dispositivo menor (e muito mais barato).
Nessa movimentação, a Global Underground começou a lançar uma série de mixes por seletores que eram comercializados em CDs e nessa movimentação, Danny lançou o Global Underground: Miami #027, dividido em dois CDs, 1 e 2. Gravado no Club Space, o compilado lançado em 2005 foi um baita sucesso e divisor de águas, principalmente porque alcançou a posição de número 14 na Billboard Top Electronic Albums. Ele também lançou outros mixes pela Global Underground e por outras labels como Resistance e Nocturnal Frequencies. Um ponto interessante destes compilados é que eles foram lançados há quase 20 anos atrás, mas você consegue se imaginar em uma pista dos dias atuais sendo embalado por eles. Música e atemporalidade andam juntas quando o centro da pauta é Danny Howells, não é mesmo?
Além da excelência na produção e seleção musical, Danny também é considerada uma figura com ampla influência, ajudando a moldar a música eletrônica através da qualidade e larga contribuição ao promover continuamente novos talentos. Outro atributo do artista é a sua abordagem colaborativa, trabalhando com outros artistas e DJs em produções, remixes e inclusive em apresentações.
Provavelmente os motivos pelos quais ele é altamente respeitado e considerado o “DJ dos DJs” já está claro à essa altura, né? É como se toda vez que Danny interpela a música eletrônica, ele nos agracia com uma espécie de benção simplesmente ao compartilhar essa dádiva e habilidade musical. Seletor invejável e incansável, afinal ele já fez sets com mais de 10 horas, Howells é o tipo de protagonista que reforça e mantém vivo o espírito real de um digger, deejay e produtor verdadeiramente apaixonado. E nós só temos a agradecer!
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A música eletrônica.